quinta-feira, 21 de setembro de 2017

RESISTÊNCIA AOS BETALACTÂMICOS MEDIADA POR MUTAÇÕES EM PBPs (EXPRESSÃO FENOTÍPICA DO GENE mecA)

DEFINIÇÃO

A resistência dos Staphylococcus aos antimicrobianos é extremamente difundida em todo o mundo. No meio comunitário, mostram elevada resistência (acima de 80%) às Penicilinas G e V, à Amoxicilina e a Ampicilina. Essa resistência se deve à produção de uma penicilinase que inativa essas penicilinas. No ambiente hospitalar, a situação é ainda mais dramática, pois soma-se a isto a elevada resistência à Oxacilina.
Esses Staphylococcus receberam a denominação de MRSA ou SARM (Staphylococcus aureus resistente à Meticilina) e em alguns hospitais ultrapassam de 50% dos isolamentos estafilocócicos. Sua resistência é resultante da presença de um gene mecA (que está localizado no SCCmec) que codifica o desenvolvimento de uma nova PBP, a PBP2A. Esse novo receptor não tem afinidade pelos antibióticos Betalactâmicos (penicilinas, cefalosporinas e carbapenêmicos).
Imagem 1: Aquisição do gene do SCCmec por uma cepa
de Staphylococcus aureus sensível a meticilina (MSSA).
Quando a cepa adquiri este cassete, ela passa a expressar o gene
mecA e passa a expressar resistência aos antimicrobianos 
Betalactâmicos.



















Imagem 2: Expressão fenotípica do gene mecA. Note que este
gene induz a expressão da PBP2A que não apresenta afinidade
pelos antimicrobianos Betalactâmicos. Na imagem acima é 
possível observar que a Meticilina se liga normalmente a PBP2,
mas note que na PBP2A a Meticilina não se liga.




















CLASSIFICAÇÃO

São codificadas por elementos genéticos móveis conhecidos como Cassete Cromossômico Estafilocócico (SCCmec). No SCCmec está localizado o gene mecA que é responsável pela codificação da PBP2A que não apresenta afinidade de ligação pelos antimicrobianos Betalactâmicos.


FORMA DE DISSEMINAÇÃO

  • Através do SCCmec (HA-MRSA --> SCCmec I, II ou III) (CA-MRSA --> SCCmec IV ou V);
  • HA-MRSA = MRSA Hospitalar
  • CA-MRSA = MRSA Comunitário

Imagem 3: Disseminação do gene mecA para S.aureus. 
Estudos sugerem que o gene mecA se originou em amostras de 
Staphylococcus coagulase negativos e se disseminou por transferência
horizontal para linhagens de S.aureus. Estas linhagens deram origem
a clones epidêmicos de MRSA (como o MRSA-USA300).



















ANTIMICROBIANOS UTILIZADOS NA DETECÇÃO

  • Cefoxitina.


COMO DETECTAR FENOTIPICAMENTE (MÉTODO MAIS AMPLAMENTE UTILIZADO NA ROTINA DE LABORATÓRIOS PEQUENOS E MÉDIOS)

  • Antibiograma com o disco de Cefoxitina.


ANTIBIOGRAMA COM O DISCO DE CEFOXTINA

  • Preparar uma suspensão da cultura de Staphylococcus spp. (em meios com ausência de elevadas quantidades de sal) equivalente a escala 0,5 MacFarland e semear em uma placa de ágar Mueller Hinton;
  • Colocar o disco de Cefoxitina sobre o meio com o microrganismo semeado;
  • Incubar por 18-24 horas e realizar a leitura do halo de inibição.
  • POSITIVO: De acordo com a tabela 1;
  • NEGATIVO: De acordo com a tabela 1.

TABELA 1: CRITÉRIOS DE INTERPRETAÇÃO DO TESTE DE DISCO DIFUSÃO COM A CEFOXITINA PARA DETECÇÃO DE MRSA/MRS

MICRORGANISMOS
HALO DE INIBIÇÃO (mm) CEFOXITINA
SENSÍVEL
RESISTENTE
Staphylococcus aureus
> 22
< 22
Staphylococcus coagulase negativo
>25
< 25

OBSERVAÇÃO: SEMPRE RELATAR O RESULTADO DA CEFOXITINA COMO OXACILINA.

  • SE SENSÍVEL À CEFOXITINA: RELATAR SENSÍVEL À OXACILINA
  • SE RESISTENTE À CEFOXITINA: RELATAR RESISTENTE À OXACILINA


EXEMPLO DE DETECÇÃO

Imagem 4: Staphylococcus aureus com expressão
fenotípica do gene mecA. Observe o fenótipo HA-MRSA.









Imagem 5: Detalhe do teste de sensibilidade à Cefoxitina
em uma cepa de Staphylococcus aureus. Note que esta cepa
apresenta a expressão fenotípica do gene mecA (resistente à 
Cefoxitina). Portanto esta cepa é resistente a todos os antimicrobianos
Betalactâmicos, com exceção das novas cefalosporinas anti-MRSA.

 

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